Enfermagem Covid
Avanço da ômicron afasta profissionais de saúde dos postos de trabalho
Ao mesmo tempo em que aumenta a procura por atendimento, os hospitais estão lidando com a falta de profissionais, afastados por terem contraído covid. Nem é preciso entrar para descobrir que o pronto-socorro está cheio. O aumento da procura por atendimento é visível na porta de hospitais públicos e nas salas de espera de hospitais particulares também.
Em um laboratório particular a procura por testes de covid aumentou tanto que a fila foi parar na calçada. Só do lado de fora, contamos quase 40 pessoas. E ainda tem a fila de carros para o atendimento drive-thru, que dobra a esquina. Enquanto a procura só aumenta, unidades de saúde de várias partes do país sofrem com a falta de funcionários. Em Maceió, 40 profissionais já foram afastados, segundo a secretaria de saúde.
Em Porto Alegre, o número triplicou em uma semana. Já são pelo menos 1.228 trabalhadores com a confirmação ou suspeita de infecção pela Covid. A Prefeitura de Guaxupé, no Sul de Minas, mandou para casa 90 funcionários de postos de saúde e da Santa Casa da cidade. Desde dezembro, no Rio, o número de afastados por síndromes respiratórias chega a 5.500. Em São Paulo, a Secretaria Estadual de Saúde contabiliza 1.700 afastamentos na rede pública. Parece pouco diante do quadro de mais de 170 mil funcionários, mas preocupa porque pega equipes cansadas depois de quase dois anos de pandemia.
“Chega a ter aumento de 30% na procura por atendimento de casos leves e moderados nos prontos-socorros e prontos-atendimentos. No pico da segunda onda, por exemplo, nós tivemos que enfrentar 30 mil pacientes internados no mesmo dia. Hoje, temos 5.550 pacientes internados, mas já temos uma extenuação muito grande dos trabalhadores da saúde e é um momento desafiador”, afirma Eduardo Ribeiro, secretário-executivo de Saúde de São Paulo.
Um levantamento feito pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) dá uma ideia da sobrecarga de trabalho. Quase 82% dos entrevistados dizem que estão atendendo mais pacientes; 41% relatam ter sofrido agressões verbais; e 33% relatam que a jornada de trabalho aumentou.
Uma rotina bem conhecida pelo Rodrigo, que é enfermeiro em um pronto-socorro público de São Paulo e se sente exausto. “Primeiramente é difícil de a gente conseguir sair no nosso próprio horário. Passamos 12 horas no plantão, mas a realidade é passar um pouco mais, 13 horas de plantão para conseguir auxiliar os colegas. E isso com essa grande quantidade de pacientes”, conta o enfermeiro emergencista Rodrigo de Sousa Pereira.
A direção do Instituto Emílio Ribas, referência em doenças infecciosas, fez um apelo aos médicos de todos os setores do hospital para cobrir os buracos na escala de trabalho: “São profissionais que estão aí na linha de frente, em locais como pronto-atendimentos e unidades de terapia intensiva, e que são difíceis às vezes de a gente substitui-los de forma tão rápida”.
O desfalque nas equipes de médicos e enfermeiros acontece de repente e preocupa quem continua trabalhando.
“Você começa um plantão e repentinamente você está com menos dois, menos três em um único dia de uma vez só no plantão. Significa medo. Infelizmente é uma palavra pesada, entretanto, medo e ansiedade são palavras que descrevem um pouco do que a gente vem vivendo atualmente nessa nova onda”, diz Rodrigo.
Confira a íntegra da matéria no portal G1 de notícias.
Fonte: Jornal Nacional
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